Segundo o Banco Central, nos últimos doze meses, o endividamento na pandemia, das famílias com os bancos, chegou a 51% da renda.
A série histórica começou em 2005 e esse percentual é o maior desde o seu início, ou seja, é um novo recorde. Ele reflete o saldo das dívidas bancárias das famílias levando em consideração a renda acumulado em 12 meses.
O percentual mais alto da série histórica tinha sido registrado em dezembro de 2014, 45,27%. Caindo consecutivamente entre dezembro de 2015 e dezembro de 2017. A partir de dezembro 2018, voltou a subir e não parou mais, atingindo o recorde em novembro de 2020, em meio a pandemia.
O ano passado, 2020, foi um ano atípico. A pandemia causada pelo novo coronavírus aliada aos juros mais baixos impulsionaram a contratação de dívidas e a renegociação das dívidas já existentes.
Endividamento na pandemia, o que isso significa
O endividamento na pandemia calculado pelo Banco Central considera todo tipo de dívidas bancárias. Inclusive, nesse cálculo entram o crédito para a compra da casa própria, o financiamento imobiliário.
Os empréstimos bancários ficaram em 20,87% do endividamento em novembro de 2020, porém esse percentual, isolado do percentual total de endividamento, não representa um recorde da série histórica. Em outubro de 2020 esse percentual, de empréstimos bancários, foi de 21,7% e, embora seja um dos maiores da série histórica, também, não representa um recorde, pois já havia sido verificado em setembro de 2015.
De acordo com Fernando Rocha, chefe do Departamento de Estatística do Banco Central, o percentual de endividamento na pandemia “não é um indicativo de que agora teremos problemas” mas deve ser olhado por bancos e famílias.
O percentual do endividamento reflete o quanto da renda é destinado ao pagamento de dívidas todos os meses. Portanto, as famílias devem ser se atentar ao seu percentual de endividamento, uma vez que ele reflete na qualidade de vida da família.
Um outro estudo elaborado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), apontou que o endividamento das famílias alcançou 66,5%. É o maior resultado anual da série histórica desse estudo que começou em 2010.
De acordo com o estudo da CNC, o ano de 2020 começou com números melhores que os de 2019, porém os impactos negativos do surto de covid-19 no decorrer de 2020 impuseram a adoção de medidas de recomposição da renda, como o benefício emergencial, e de estímulo ao crédito, como forma de manter algum nível de consumo pelos brasileiros, avaliou o presidente da CNC, José Roberto Tadros.
O estudo também indica que as dívidas com o cartão de crédito são as que atingem o maior percentual no endividamento na pandemia e também fora dela, na média de 2020, o índice foi de 78%. O segundo lugar são as dívidas representadas por carnês (16,8%) e em terceiro lugar o financiamento de carro (10,7%). FONTE: O ESTADÃO
Ainda, segundo o Banco Central, apesar de a taxa de endividamento na pandemia, ou seja, no ano de 2020, ter sido recorde, a inadimplência terminou o ano em 2,8%, enquanto em 2019 a taxa de inadimplência foi de 3,5%. A inadimplência das pessoas físicas com os bancos é considerada quando há um atraso superior a 90 dias no pagamento da dívida.
Essa redução na taxa de inadimplência, que foi constatada pelo Banco Central, pode ter acontecido devido às campanhas de prorrogação e renegociação de dívidas feitas pelas bancos durante a pandemia. Segundo o Banco Central as instituições financeiras fizeram ações intensas nesse sentido, além de maior seletividade nas novas operações de contratação de crédito. Nesse sentido, podemos citar as medidas tomadas pela Caixa Econômica Federal em relação ao financiamento de imóveis.
O estudo da CNC apontou que a taxa de inadimplência cresceu em 2020, o que representa um aumento de 1,5% em relação ao ano de 2019. Esse aumento foi observado efetivamente até o mês de agosto, recuando nos meses posteriores. De acordo com a CNC, esse recuo aconteceu devido às medidas tomadas devido à pandemia.