O Brasil enfrenta atualmente uma complexa situação na sua luta contra a pandemia: a falta de insumos para vacinas.
As duas vacinas, cujo uso emergencial em solo brasileiro foi aprovado pela Anvisa no último domingo (18.01), ou seja, a Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan, e a vacina de Oxford, que será produzida pela Fiocruz, dependem de matéria prima vinda especialmente da China.
Falta de Insumos para Vacinas no Instituto Butantan
O Instituto Butantan já atingiu a capacidade máxima de produção com os insumos para vacinas que haviam disponíveis aqui no Brasil. Por esse motivo, para que mais doses sejam produzidas, é preciso que o governo chinês autorize a empresa Sinovac a importar essa matéria prima para o Brasil.
Dimas Covas, diretor do Butantan, disse que os insumos para vacinas já estão prontos e que aguardam apenas a autorização do governo chinês, para serem enviados para o Brasil. Segundo ele, abre aspas:
“Essa matéria-prima já está produzida, já está disponível na Sinovac desde meados deste mês, e aguardamos, agora, essa autorização, que, na minha percepção, após a autorização da Anvisa, facilitará a decisão do governo chinês”.
Ele também destacou que esse entrave burocrático poderá atrasar a entrega das vacinas:
“Preocupa, sim, a chegada da matéria-prima. Essa matéria-prima precisa chegar para não parar o processo de produção, e esperamos que isso aconteça muito rapidamente, porque, se chegar antes do fim do mês, nós manteremos o cronograma de entrega de vacinas”.
Por esse motivo, a negociação agora envolve a embaixada chinesa no Brasil, para que a importação do material seja facilitada.
Negociação com China sobre a falta de insumos para vacinas
Buscando intermediar essa negociação, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, teve ontem uma reunião com o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, para tratar da importação do material.
Maia disse que não há problemas políticos para o envio dos insumos para vacinas para o Brasil. O que está atrasando a entrega são problemas técnicos:
“Ele abriu a conversa já relatando que, de forma nenhuma, haveria obstáculos políticos para a exportação dos insumos da China. Ele disse que trabalha junto ao governo chinês para que a gente possa acelerar – a exportação no nosso caso – desses insumos para que possamos restabelecer logo a produção. Entendi a reunião como muito positiva”, relatou Rodrigo Maia.
Em seguida, o governo federal emitiu uma nota, através da SECOM, informando quem é o interlocutor nessa negociação com o país asiático e que foi realizada uma reunião com o embaixador chinês envolvendo os ministros da Saúde, Eduardo Pazuello, da Agricultura, Tereza Cristina, e das Comunicações, Fábio Faria, para tratar do tema:
“O governo federal vem tratando com seriedade todas as questões referentes ao fornecimento de insumos farmacêuticos para produção de vacinas (IFA). O Ministério das Relações Exteriores, por meio da embaixada do Brasil em Pequim, tem mantido negociações com o Governo da China. Outros ministros do governo federal têm conversado com o embaixador Yang Wanming. No dia de hoje, foi realizada com o embaixador, uma conferência telefônica com participação dos ministros da Saúde, da Agricultura e das Comunicações. Ressalta-se que o Governo Federal é o único interlocutor oficial com o governo chinês”.
Após a reunião, a embaixada chinesa postou em suas redes sociais duas notas, comentando as reuniões tanto com o Presidente da Câmara, quanto com os Ministros.
Em quanto tempo a vacinação pode atrasar devido à falta de insumos para vacinas?
Ainda não há previsões sobre quando a situação será normalizada e os insumos para vacinas chegarão ao Brasil.
O deputado Fausto Pinato, que é Presidente da Frente Parlamentar Brasil-China, disse ao Blog da Andreia Sadi que caso o Brasil não mude sua postura com a China, o atraso no abastecimento dos insumos para vacinas pode passar de 30 dias.