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Avaliação social remota para concessão do BPC: Veja quando e como vai funcionar

Avaliação Social Remota

O BPC, Benefício de Prestação Continuada, destinado a idosos com mais de 65 anos e pessoas com deficiência de baixa renda, passará por mudanças. O INSS anunciou que passará a fazer a avaliação social remota para as pessoas que solicitarem o BPC.

A alteração vai atender a uma determinação feita pelo Tribunal de Contas da União. O ministro Bruno Dantas, que é o relator do processo, determinou em 23 de junho que o INSS deverá, dentro de um prazo de 15 dias, adotar uma nova sistemática que utilize canais remotos para fazer a avaliação social, procedimento exigido para a obtenção do benefício, além da perícia médica nos casos de pessoa com deficiência.

 

O que é a avaliação social do INSS?

A avaliação social do INSS consiste na realização de uma entrevista para avaliar as condições econômicas e sociais das pessoas que solicitaram o BPC. Nesta ocasião, além da análise de documentos, o órgão avalia, a partir das informações prestadas, se a pessoa que está requerendo o benefício está de fato em situação de hipossuficiência econômica.

Isso porque o BPC, que paga 1 salário mínimo mensal para os seus beneficiários, é destinado às pessoas cuja renda familiar per capita não ultrapassa a um quarto do valor do salário mínimo, que corresponde a R$ 275,00. 

Recentemente a lei permitiu que o BPC seja concedido a pessoas cuja renda familiar per capita fosse de até meio salário mínimo, ou seja, R$ 550,00, desde que sejam detectadas outras vulnerabilidades, tais como: 

No caso dos idosos, apenas os dois últimos critérios são aplicáveis. Mas, essa mudança ainda precisa ser regulamentada.

Durante a avaliação social, o requerente deve apresentar os seguintes documentos:

 

Quando e como vai funcionar a avaliação social remota para BPC?

O INSS informou por meio de nota que a avaliação social remota vai começar no dia 26 de julho, conforme a determinação do TCU.

Porém, por enquanto, a avaliação social remota ainda vai funcionar como projeto piloto, em ambiente controlado, para só depois ser ofertada para o grande público.

O órgão ainda não disse como vai funcionar a avaliação remota, mas fontes do órgão disseram ao jornal Extra que o procedimento deve funcionar de forma semelhante às demais solicitações do INSS que podem ser feitas pelo aplicativo ou pelo portal Meu INSS. Isso significa que elas deverão exigir a criação de login e senha prévios.

Apesar das indefinições, especialistas em Direito Previdenciário vêem com bons olhos a mudança, acreditando que o INSS não terá grandes dificuldades em colocar a avaliação social remota em prática:

Diego Cherulli, diretor do Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário, disse o seguinte: “A análise social para o BPC é praticamente uma declaração do cidadão, não há visitas locais nem maiores diligências, ela poderia, assim, ser feita por telefone ou ligação de vídeo”.

O problema é saber se as pessoas que precisam fazer a avaliação social, muitas delas em situação de completa vulnerabilidade social, terão celular disponível e acesso à internet para fazer o procedimento, como explicou Cherulli: “A decisão do TCU é justa, mas veio atrasada. Não adianta exigir que o INSS use canais remotos se os cidadãos não têm acesso às tecnologias”. 

 

Demora e dificuldades no uso do aplicativo

Um dos principais motivos da avaliação social passar a ser remota é tentar reduzir a espera. Usuários se queixam nas redes sociais da demora em conseguir realizar a perícia, bem como de dificuldades em usar o aplicativo Meu INSS.

Porém, a avaliação remota será capaz de resolver apenas parte do problema, já que a demanda represada de avaliações psicossociais é de apenas 16% das pessoas que estão à espera do INSS para receber o benefício.

Viviane Peres, diretora da Federação Nacional dos Trabalhadores em Saúde, Previdência e Assistência Social, acredita que a teleavaliação, caso seja essa a prática adotada pelo órgão, não é capaz de resolver o problema, já que a maior parte da demanda reprimida está na perícia médica. “Todos os argumentos para necessidade de teleavaliação social, atribuindo a essa etapa a ‘culpa’ do represamento, são uma falácia. O represamento dos BPCs não ocorre na pandemia, mas se aprofundou com as plataformas e a transformação digital”, disse Viviane Peres. Segundo ela, antes da pandemia já havia mais de 500 mil processos na fila de espera, e esse número só aumentou.