Quando o Auxílio Acabar: O que vai acontecer com a economia brasileira?

8 de outubro

A última ata do COPOM fez uma análise da atual situação econômica brasileira em virtude do cenário que estamos vivendo e questiona o que vai acontecer quando o auxílio acabar.

O COPOM é o Conselho de Política Monetária, que é vinculado ao Banco Central e tem como objetivo definir assuntos relativos à política monetária e à Selic, que é a taxa básica de juros da economia. É ele quem divulga, a cada três meses, após uma profunda análise da realidade brasileira, um relatório de inflação e a meta para a taxa básica de juros.

Na última reunião, eles identificaram uma gradual retomada da atividade econômica no país, muito em virtude dos programas governamentais de recomposição de renda, como é o caso do auxílio emergencial de R$ 600,00, que tem ajudado mais de 66 milhões de brasileiros. 

Essa leve retomada acontece especialmente nos setores de bens de consumo.

Mas, o setor de serviços, que é o que possui mais peso no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, especialmente aqueles serviços mais afetados pelas medidas de isolamento social, como restaurantes e salões de beleza, por exemplo, ainda permanecem em grande dificuldade.

 

Quando o Auxílio Acabar: Perspectivas segundo o COPOM

E, quando pensamos em projeção para o futuro, a situação ainda fica mais complicada porque, segundo o COPOM, dependemos de dois fatores, que ainda encontram-se imprevisíveis:

  • o primeiro diz respeito à própria pandemia e à sua duração. Como essa crise vai evoluir e até quando ela vai durar? Países europeus que já tinham superado a fase mais complicada, como a França, por exemplo, estão em estado de alerta por causa da possibilidade da chegada de uma segunda onda. Como isso acontecerá no Brasil?
  • e, em segundo lugar, como vai ser quando o auxílio emergencial acabar? A prorrogação se houver, pode ainda nos dar mais alguns meses de respiro, mas o que acontecerá quando o auxílio acabar?

Frente a esse cenário onde sobram perguntas e, infelizmente, faltam respostas, o Copom avaliou o seguinte:

“ O Comitê concluiu que a natureza da crise provavelmente implica que pressões desinflacionárias provenientes da redução de demanda podem ter duração maior do que em recessões anteriores”.

Ou seja, esse cenário desfavorável pode durar ainda mais tempo do que eles imaginaram a princípio, principalmente quando comparavam a situação atual com outras recessões enfrentadas pelo país. 

 

Quando o Auxílio Acabar: Reflexos no Comércio e na Indústria

perspectivas para quando o auxílio acabar

E é por esse motivo que, cada vez mais, diversos setores da economia tem se posicionado pela defesa do auxílio emergencial de R$ 600,00 por mais tempo.

As previsões de perdas no varejo realizadas pela Fecomércio SP, que no início da crise, eram de 13,8%, conseguiram ficar em apenas 6,7%. E o resultado disso, segundo a própria Fecomércio, é essa injeção de recursos na economia que o benefício do governo tem proporcionado.

Altamiro Carvalho, economista da Fecomércio SP, explicou o impacto do auxílio e sua preocupação de como vai ser quando o auxílio acabar:

“Da mesma forma que o auxílio emergencial foi muito significativo nestes primeiros meses da pandemia, quando ele acabar, vai fazer muita falta. O último trimestre do ano é o mais forte para o varejo. A última parcela do benefício será em setembro e depois, se não tiverem emprego, as famílias vão passar o resto do ano sem esta renda”.

Fernando Pimentel, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Têxtil (ABIT), também atribui ao auxílio emergencial a retomada que a economia vem tendo, ao mesmo tempo que revela-se preocupado com o futuro quando o benefício terminar.

Veja o que ele disse sobre quando o auxílio acabar:

“Está havendo uma recuperação. No entanto, não podemos dar como dada essa recuperação porque ela está se dando muito mais em segmentos influenciados pelo auxílio emergencial. Há uma grande interrogação de como vai ser a saída dessa ajuda de R$ 600 por mês, que está injetando na economia mais de R$ 50 bilhões por mês.”

Fernando Pimentel ainda defendeu a prorrogação do auxílio emergencial:

“Muita gente que não tinha renda passou a ter renda. Estamos trabalhando para que seja mais estendido, porque o desemprego vai crescer e a população está mais pobre. Seria bom estender até o fim do ano, mas as contas públicas estão em pandarecos.”

O Assessor Especial do Ministério da Economia, Guilherme Afif, falou que o auxílio “resolveu se autoprorrogar”. Porém, segundo ele, o valor terá que “com certeza” ser menos que os R$ 600,00 atuais. 

Ele disse ainda que:

“A economia está voltando aos poucos. Vamos ter que estudar uma forma de garantir pelo menos até o fim do ano”. Este ano é um ano de ‘vistas grossas’. A ideia é que ano que vem volte à normalidade”

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