A quantidade de endividados no Brasil atingiu o maior número de 11 anos. O cenário foi acentuado pela pandemia, pela crise que já estava em curso, pelo cenário econômico e pelas políticas públicas e tributárias.
Embora o cenário financeiro não fosse favorável, a crise tomou seu ápice na Pandemia, atingindo 66,5% das famílias brasileiras.
De acordo com dados publicados nesta sexta (29) pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o percentual de endividados de 2020 cresceu em 2,8% em relação a 2019.
Pandemia Acentua o Número de Endividados
O mundo todo passou por um cenário caótico com a pandemia de 2020. O impacto foi grande em diversos setores, inclusive no econômico.
Esse fator contribuiu também para o desemprego. A situação pôde ser minimamente acentuada com o pagamento do Auxílio Emergencial às famílias de baixa renda e profissi0onais autônomos que tiveram suas rendas prejudicadas.
De acordo com Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), catorze milhões de pessoas estavam à procura de emprego durante o trimestre correspondente de setembro a novembro.
Todos os meses a CNC divulga a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), como forma de medir o percentual de débito da população brasileira. No entanto, embora a pesquisa o maior percentual da última década, o aumento foi inferior em relação a 2019. Ou seja, ainda que o ápice de percentual seja maior, houve um desaceleramento.
José Roberto Tadros, atual presidente do CNC, responsabiliza em partes a pandemia pelos impactos no endividamento. De acordo com o presidente, diversas medidas de recomposição de renda foram adotadas como uma tentativa de mitigar os danos financeiros e tentar restabelecer, ainda que minimamente, o poder de compra e a performance do mercado.
Ainda conforme Tadros, os que se mantiveram foram da lista de endividados devem isso ao controle de finanças domésticas e alguns fatores externos, como a taxa Selic, que está em 2%. Neste artigo explicamos detalhadamente como a taxa básica adotada por instituições financeiras no Brasil, a Selic, funciona.
Nas palavras de Tadros:
“Em conjunto com a redução dos juros ao menor patamar da história e com a inflação ao consumidor controlada em níveis baixos, estas ações [de programas governamentais como Auxílio Emergencial] forneceram às famílias condições de ampliar a contratação de dívidas e renegociar as já existentes”.
Dicas Para Controlar as Minhas Dívidas
Se você integra ou está prestes a integrar a lista de endividados no país, não está sozinho, como pôde perceber, já que o percentual vem crescendo ininterruptamente.
Diante disso, muitos economistas e profissionais de finanças divulgam dicas e formas de manter as despesas domésticas controladas, além de formas de resolução de débitos, pesando minimamente possível no bolso.
De acordo com um estudo divulgado pela Ibope, atualmente 55% da população integrante das classes A, B e C, que possuem acesso à internet, tiveram suas rendas prejudicadas pela pandemia. Nessa amostragem, 66% dos entrevistados alegaram que a queda foi superior a 25%.
Outros dados divulgados pela pesquisa apontaram que 22% dos entrevistados começaram a atrasar suas contas. O que para muitos, até há algum tempo, era impensável, tornou-se uma realidade preocupante.
Um professor de ciências contábeis da Universidade Estácio do Amazonas divulgou algumas dicas pertinentes para conter os gastos e começar a voltar a conta para o azul.
De acordo com o profissional, o primeiro passo para sair do rol endividados, é averiguar, de fato, o tamanho da dívida que você possui e a capacidade de gerar receita. Isso é necessário pois muitas pessoas acabam trabalhando apenas para “tampar buracos” e as contas nunca são, efetivamente, quitadas.
O professor ainda lembra que capacidade de geração de renda não diz respeito apenas ao salário, mas eventuais outras fontes de renda, como aluguel, investimento, etc.
O próximo passo consiste em fazer um levantamento da origem das dívidas para negociá-las diretamente na fonte. Quando o devedor busca regularizar a conta e, se preferir e puder pagar à vista, certamente terá descontos de juros e multas, por exemplo.
Por fim, para manter a conta azul e não estar no ranking de endividados, é importante focar na mudança de hábito e lembrar diariamente que está em processo de reestruturação financeira, evitando armadilhas que irão prejudicar sua renda.