A vacina brasileira, Butanvac, foi anunciada pelo diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, e pelo governador do Estado de São Paulo, João Dória (PSDB).
O Instituto pedirá, ainda no dia de hoje, autorização à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para iniciar os testes clínicos em voluntários. Havendo a autorização da Anvisa, os testes podem começar já no mês de abril e a fabricação deve ocorrer a partir do mês de maio.
Se tudo ocorrer dentro do cronograma previsto, a expectativa é de que antes do final do ano estejam disponíveis 40 milhões de doses da vacina brasileira, Butanvac. A rapidez no processo se deve ao fato de a vacina fazer parte de uma nova geração de imunizantes, segundo o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas.
Ainda segundo Covas, o material seria protocolado no dia de hoje e o diálogo com a Anvisa será intenso no intuito de que “ela perceba a importância da autorização do início desses estudos clínicos o mais rapidamente possível, para que possamos em um mês e meio, dois meses e meio, terminar essa fase de avaliação clínica e iniciar a produção”
A tecnologia da vacina brasileira
Para a produção da vacina brasileira, Butanvac, a tecnologia utilizada será a mesma utilizada para a vacina da gripe e da febre amarela, produzida em ovos, o que a difere das outras vacinas contra a Covid-19. O vírus é modificado geneticamente e, assim, desenvolve a proteína S, que o coronavírus usa para infectar as células humanas.
Segundo Covas: “Essa é uma das formas mais seguras de se produzir uma vacina. Milhões de pessoas tomam a vacina contra a gripe todos os anos e a nossa tem a mesma tecnologia“
A tecnologia é 100% brasileira, produzida inteiramente por cientistas do Instituto. Começou a ser pesquisada em março de 2020, com recursos do próprio Instituto e do governo do Estado de São Paulo. Um ponto muito importante é que a vacina brasileira já engloba a variante brasileira do coronavírus, a P1.
O Butantan é o maior produtor de vacinas contra a gripe do hemisfério Sul, portanto, todos os insumos para a vacina brasileira contra a Covid-19 já existem no Brasil. A capacidade de produção do Instituto é de 100 milhões de doses por ano.
A vacina brasileira deve ser protocolada na OMS (Organização Mundial da Saúde) ainda hoje. Isso garante o acompanhamento da produção pela agência e, consequentemente, que serão seguidas as normas internacionais para a produção da vacina.
Os primeiros testes em animais foram realizados com a ajuda de laboratórios indianos. Ainda não se sabe quantas doses da vacina brasileira são necessárias para a imunização, pois essa informação só pode ser determinada após os testes em humanos.
De acordo com o governador, João Dória: “Os resultados dos testes pré-clínicos se mostraram extremamente promissores, o que nos permite evoluir para os testes em voluntários já agora, no próximo mês de abril, desde que a Anvisa autorize”.
Existe a promessa de que essa vacina brasileira supere a resposta imune das vacinas atuais. “Nós aprendemos com as vacinas anteriores, já sabemos o que é uma boa vacina contra a Covid-19. Essa será uma vacina de segunda geração, mais imunogênica”, afirmou o diretor, Covas.
Comercialização da vacina brasileira
A vacina deve ser ofertada primeiramente ao Governo Federal e só depois serão firmados contratos individuais e internacionais.
O Instituto Butantan se comprometeu, mediante Consórcio, com países pobres para a venda da Butanvac. Assim, haverá a realização de testes clínicos no Vietnam e na Tailândia. Os países mais pobres, segundo Covas, precisam de ajuda no combate a pandemia.
A CoronaVac que tem etapa final de produção no Butantan, porém não haverá alteração em seu cronograma, uma vez que as produções serão realizadas em fábricas diferentes.
“Essa vacina é uma dose de esperança para o Brasil”, afirmou o governador.