O aumento na construção civil depõe sobre um cenário incerto e preocupante na economia brasileira. Embora o interesse na compra imobiliária esteja alto, o último trimestre de 2020 reportou um aumento significativo nos insumos da construção.
Alguns fatores devem ser levados em consideração: o primeiro é a grande demanda por compra de residências, em partes porque depois da pandemia, as pessoas passaram a valorizar mais o bem-estar doméstico.
Outro fator que corrobora esse cenário é a flexibilização do programa Casa Verde e Amarela, além da regularização fundiária que contemplará milhares de brasileiros.
Contudo, o aumento na construção civil breca a intenção de compra e construção para muitas famílias. Isso pode ser verificado nos Indicadores Imobiliários Nacionais, que apontam uma ameaça de desabastecimento no setor.
Aumento na Construção Civil: Entenda os Indicadores
Nesta segunda (22.02), a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) divulgou os índices que reportam o aumento na construção civil.
De acordo com os referidos índices, tem-se que: pessoas com renda mensal de R$ 2.500 reais a R$ 4.500 reais será a que possivelmente irá proporcionar a menor margem de lucro para as empresas contratadas.
Ainda conforme o estudo divulgado, o “apetite das empresas” também será prejudicado pela fatia de mercado voltada ao programa de habitação do governo federal.
A CBIC fez uma pesquisa de mercado levando em conta a opinião de 1.200 consumidores. De acordo com as respostas, o estudo indica aumento de 9,8% na compra de apartamentos novos.
Em contrapartida, o mesmo estudo indica queda de 17,8% no número de lançamentos em 2020 na comparação com o ano anterior.
Vale ressaltar que o último trimestre de 2020 foi o mais beneficiado com aumento nas vendas imobiliárias, com aumento de 3,9% em relação ao terceiro trimestre do mesmo ano.
O que surpreendeu, no entanto, foi a comparação do último trimestre de 2020 com o mesmo período de 2019. Mesmo com a crise instaurada, houve aumento nas vendas de 6,7%.
FGV Endossa Indicadores de Aumento na Construção Civil
O Índice Nacional de Custo da Construção–M (INCC-M), que é medido e divulgado pela FGV (Fundação Getulio Vargas), indicou que a inflação de janeiro operou em 0,93% em janeiro deste ano. Esse percentual é ainda maior que a reportada em dezembro do ano anterior: 0,88%. A divulgação desse resultado fez com que o INCC-M acumulasse a inflação de 9,39% em 12 meses.
É importante considerar, no entanto, que a alta de dezembro para janeiro foi culminada pelos aumentos da inflação da mão de obra. Nesse segmento, o aumento na construção civil relacionada à mão de obra aumentou 0,61% em janeiro ante 0,06% em dezembro. Já em relação as materiais e equipamentos, houve queda na de inflação de dezembro (2,08%) para janeiro (1,43%).
De acordo com a agência de notícias EBC:
“A CBIC ressalta que o principal problema enfrentado por empresários do setor no quarto trimestre de 2020 foi a falta ou o alto custo de matéria-prima, com 50,8% das assinalações. “O aumento no preço de insumos gera insegurança, em especial para as vendas já contatadas”, afirmou hoje o presidente da CBIC, José Carlos Martins, em entrevista coletiva online.
Martins disse que “estaria tudo tranquilo”, não fosse o aumento no preço de insumos associado à falta de abastecimento de muitos dos materiais, algo que considera “extremamente preocupante”. “As obras contratadas em 2020 usavam previsões que tinham por base outros valores. Dessa forma, aquilo que seria um resultado [positivo] da empresa torna-se prejuízo. Isso dá medo às empresas na hora de fazer levantamentos, principalmente no caso do Programa Casa Verde Amarela, que é o antigo Minha Casa Minha Vida”, acrescentou, ao afirmar que a situação pode colocar o setor em risco.”
Esses dados, contudo, ainda não indicam como, de fato, seguirá o ano de 2021, já que o cenário ainda é muito imprevisível. Não se sabe ao certo se o Plano Nacional de Imunização irá influenciar positiva e consistentemente no cenário da construção civil.