Uma nova proposta de mudança na jornada de trabalho, impulsionada pela deputada Erika Hilton, está dominando as discussões nas redes sociais e tem gerado pressão para que o Congresso revise a escala 6×1, em que o trabalhador cumpre seis dias consecutivos de trabalho com apenas um dia de descanso. A proposta busca assegurar melhores condições de trabalho, ao sugerir uma semana de quatro dias com 36 horas totais, substituindo o modelo atual que pode alcançar até 44 horas semanais. Com mais de 1,5 milhão de assinaturas no abaixo-assinado organizado pelo Movimento Vida Além do Trabalho (VAT), essa iniciativa destaca o apoio popular para uma reforma na jornada de trabalho.
Atualmente, a Constituição Federal e a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) determinam que a jornada não pode ultrapassar 8 horas diárias e 44 horas semanais, permitindo também a organização de escalas variadas, como a 6×1. Erika Hilton argumenta que essa prática tem impactos negativos na saúde física e mental dos trabalhadores e sugere que a mudança traria mais tempo para que os profissionais possam descansar e se dedicar à vida pessoal, além de fortalecer a saúde mental e a qualidade de vida.
A PEC precisa de, no mínimo, 171 assinaturas na Câmara para ser oficialmente apresentada. Segundo a equipe de Hilton, a proposta já conta com mais de 100 apoios e continua angariando apoio entre os parlamentares. A expectativa é de que a proposta avance em breve, passando pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) antes de ser avaliada por uma comissão especial e, finalmente, pelo plenário, onde precisará de pelo menos 308 votos para aprovação.
A proposta também levanta preocupações. Economistas alertam que a redução de horas em setores que demandam alta mão de obra contínua, como comércio e hotelaria, pode trazer desafios, incluindo o risco de demissões e aumento da informalidade. Pedro Fernando Nery, economista, sugere que a implementação de uma nova jornada poderia ser gradual, especialmente em setores que podem enfrentar dificuldades para se adaptar.
Por outro lado, alguns setores, como o de entretenimento e lazer, enxergam a proposta como uma oportunidade de ampliar contratações. No Brasil, algumas empresas já estão testando a semana de quatro dias e têm observado aumento na satisfação dos funcionários, que relatam maior equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
O Ministério do Trabalho e Emprego acompanha o debate e considera que qualquer alteração deva ser discutida entre empresas e empregados, respeitando as especificidades de cada setor. O diálogo entre empregadores e trabalhadores é visto como essencial para a adaptação às novas condições.
Com o apoio crescente nas redes e um movimento de engajamento social, o futuro da PEC proposta por Erika Hilton tem ganhado força e poderia estabelecer um novo modelo de trabalho no Brasil. Se aprovada, a mudança não apenas melhoraria a qualidade de vida dos trabalhadores, mas também criaria um precedente para novas reformas trabalhistas no país, trazendo um debate relevante sobre o equilíbrio entre vida profissional e pessoal.